A revista do Uppsala Monitoring Centre (UMC), a Uppsala Reports, traz em sua edição de abril, uma reportagem especial sobre o tema no Hospital Estadual Sumaré (HES-Unicamp). O atual superintendente, Mauricio Perroud, foi a fonte da entrevista que apresentou a evolução dos protocolos de farmacovigilângia no hospital, desde a criação da área em 2003 até hoje. O HES-Unicamp foi a única instituição brasileira a integrar a edição da UMC em abril.
Segundo Maurício Perroud, o interesse dos editores da revista surgiu durante um treinamento na sede da UMC em 2015. Nesta ocasião, a rotina de avaliação de erros de medicação adotada pelo HES foi apresentada em uma sessão coordenada por Jeniffer Wall, médica especialista em farmacovigilância do UMC. “Logo após o treinamento, Wall pediu para escrevermos sobre as rotinas de farmacovigilância do HES, especialmente sobre o estudo da metodologia para identificação de sinais de segurança, assim que tivéssemos os primeiros resultados”, recorda.
A reportagem retrata uma trajetória da farmacovigilância nos 15 anos de existência da comissão dentro do hospital, que no início, era composta por um médico, uma enfermeira e um farmacêutico, focados em erros de medicação que precisavam ser avaliados separadamente das notificações relacionadas à suspeita de reações adversas a medicamentos. A matéria traz, por exemplo, cases como a qualificação de fornecedores verificados na fase de licitação e até medicamentos de “alto alerta”, como adrenalina e anestésicos que são marcados com um rótulo vermelho em fase de armazenamento.
Um dos destaques colocados na matéria é sobre o sistema de prescrição para profilaxia antimicrobiana em cirurgias. O protocolo de prescrição existia desde a inauguração do hospital, mas a adesão dos médicos era menor que 50% até 2011. “Desde então, foi criado um sistema onde os médicos prescrevem o nome do paciente e do procedimento cirúrgico, por exemplo, colecistectomia, o que resultou em 100% cumprimento do protocolo”, comenta Perroud na reportagem.
O encerramento da matéria enfoca um novo método para identificar um risco e tomar medidas antecipadas para evitar erros de medicação. O estudo piloto começou em 2015 e agora tornou-se um projeto de pesquisa. Nele, os profissionais do HES-Unicamp podem, por exemplo, avaliar todos os eventos adversos de uma enfermaria, comparando com todos os eventos adversos de outras unidades de internação. Atualmente, o banco de dados do hospital possui mais de 5.400 eventos adversos, excluindo suspeita de reações a drogas, relatados desde janeiro de 2008.
Sobre o UMC
O UMC foi criado em 1978 para apoiar o Programa da Organização Mundial da Saúde (OMS) para monitorização internacional de medicamentos com o objetivo de coletar informações sobre os efeitos adversos de medicamentos, de tantas fontes quanto possível em todo o mundo, para garantir que os primeiros sinais de possíveis perigos de medicamentos não sejam perdidos. É uma fundação independente e sem fins lucrativos, um centro de pesquisa científica internacional, baseada na Suécia e intimamente associada à OMS.
Caius Lucilius